A dependência emocional pode estar presente nos mais diversos tipos de relacionamentos, porém é mais comum em relacionamentos amorosos.
Aprendemos a nos relacionar desde muito pequenos, e para entender a dependência emocional precisamos voltar no início da vida, pois muitas vezes, é lá que encontramos uma das suas principais causas.
Em alguns casos ela pode estar associada a ausência de cuidados na primeira infância, principalmente cuidados maternos, o bebê busca desde cedo o amor dos seus pais principalmente da mãe.
Por diversos motivos mãe e bebê podem enfrentar dificuldade nas primeiras relações, o bebê pode sentir que sua mãe é distante sentimentalmente e que apesar de fornecer os cuidados necessários, o afeto parece ser um elemento que não faz parte da relação, talvez porque a mãe precisou enfrentar esse momento sem o apoio do parceiro, ou pode ter passado por momentos de estresse, dificuldades no trabalho, financeira, ou porque a gestação foi dificil e não planejada. Isso não quer dizer que não existe amor pelo filho mas que os sentimentos enfrentados nessas circusntâncias foram mais presentes na relação mãe e bebê.
Quando mãe e bebê não conseguem fazer uma ligação saudável e satisfatória, o bebê sente que ficou um vazio inexplicável, afinal seu ego é frágil e não possui todos os recursos necessários para lidar com tal situação, esses recursos são desenvolvidos durante o crescimento da criança, por isso a criança precisa se sentir amada e desejada, para que ela possa recorrer ao amor dos pais até que seja capaz de lidar com as adversidades.
A criança buscará preencher esse vazio em outras relações ao longo da vida, o que de certa forma explica o por quê esse padrão passa a ser uma característica da personalidade da pessoa, infelizmente uma característica que faz ela e outras pessoas com quem ela se relaciona sofrer, pois o medo do abandono, o ciúme exagerado e o senso de inferioridade são alguns dos sentimentos experimentados pela pessoa.
Esse padrão de relacionamento se repete constantemente, de tal forma, que podemos chamar de compulsão a repetição, que consiste basicamente em repetir nas relações atuais os antigos padrões na tentativa de efetivamente se sentir considerada, valorizada, querida, acolhida e acima de tudo única.
Um traço característico dessa pessoa é que ela se apaixona com mais facilidade, principalmente quando sente que recebeu uma atenção especial, se envolve em relacionamentos dos quais tende a sofrer, por alguns motivos especiais, um deles é porque não existe uma pessoa que seja capaz de suprir toda essa falta, o outro motivo é porque essa pessoa tende a levar o outro sofrer, porque demanda do outro mais afeto do que ele é capaz de oferecer, essa pessoa também pode ser vitima de relacionamentos abusivos uma vez que sente que não pode perder o amor do outro, acaba cedendo com mais facilidade, deixando muitas vezes sua opinião de lado, tende a se envolver e a deixa-se seduzir. Outra característica do dependente emocional é uma identificação excessiva com a pessoa amada, passando a gostar de tudo o que ela gosta e abandonando seus gostos pessoais, quando o relacionamento acaba a pessoa já não se conhece mais.
Com o tempo as relações passam a ser sufocantes e desinteressantes, e podem levar ao fim do relacionamento, o dependente emocional experimenta a sensação do abandono, da indiferença, em casos mais extremos a pessoa pode passar por momentos de depressão e dependendo da ruptura, pode perder o desejo de viver.
O processo terapêutico é altamente recomendado para o paciente que sofre com a dependência emocional. Durante o processo ele passará por momentos regressivos, em que precisará relembrar e revisitar sua história, identificará as lacunas que ficaram vazias e os padrões que vem repetindo para se reconstruir aos poucos. A medida que o paciente faz estes avanços, ele passa a se valorizar mais e a compreender as causas desse padrão de comportamento, reconhece e sustenta sua posição nos relacionamentos tornando-os relacionamentos mais saudáveis.